domingo, 26 de junho de 2016 1 comentários

A que horas ela chega no dia 30 de junho em Belém? Traz tua energia, fé e carinho... Vamos receber Dilma em Belém/ São Brás. #VemQuerida

Meu blog deve estar quase me deserdando do testamento afetivo, tão abandonado ele anda...Perdoa, filho, é que tem sido tanta barbárie despejada sobre nós que não tenho parado... Mas tenho uma boa nova pra te dar: Dilma chega em Belém nesta semana, dia 30 à tarde. Estamos empenhando todas energias pra fazer uma bonita recepção à amada presidenta que foi arrancada quase no início do seu mandato por um processo espúrio, repugnante e que vem sequestrando a democracia e os direitos da classe trabalhadora, o sonho dos jovens, mulheres, homens, idosos. 

Então, dia 30, vamos todos a São Brás, a partir das 16h, local em que haverá um bonito show cultural e todas as vozes que defendem a democracia e os direitos sociais! Noutro post eu falo do que o governo usurpador de Temer está fazendo já agora e a barbárie que pretende implantar no país já já. Noutro post.

Na próxima quinta-feira, 30 de junho, Dia de São Marçal, Dilma em Belém. Traz tua energia, tua alegria, tua esperança e tua fé  e vamos recepcionar a guerreira que lutou na juventude contra a ditadura para que tivéssemos liberdade e democracia. E continua lutando firme hoje contra o golpismo e a nova ditadura.

Assistam o vídeo, leiam o belo texto e antes que eu me esqueça, ForaTemer!



DESCULPE-NOS, QUERIDA DILMA ROUSSEFF


O belo e tocante texto de Maria Gabriela Saldanha

"Primeiro, todos os homens da linha de frente, da alta cúpula, tiveram que ser limados para que se lembrassem que uma mulher honesta, que foi torturada, que atravessava um câncer, seria um bom nome a ser considerado. 

Depois, muitos duvidaram da sua capacidade durante todo o seu mandato e fizeram chacota da sua diferença, como oradora, quanto aos homens que saíram de cena. 

A cobrança se voltava para fatores diversos, incluindo a sua aparência e a forma como organizava suas ideias. 

Muitas dessas pessoas sabiam que ela tomou tantos socos quando foi presa que tem problemas na arcada dentária até hoje. Sabiam também que precisaram suspender sessões de tortura porque ela teve uma hemorragia uterina que não passava. Mas não sabem de tudo o que pode ter lhe acontecido. Ninguém imagina.

Mesmo com todo esse tratamento indigno ela foi reeleita, mas em um país dividido entre ela e um agressor de mulheres. 

No dia da sua posse, as redes sociais foram tomadas por piadas humilhantes a respeito de sua roupa e do seu corpo. No discurso, ela destacava sua mulheridade. 

Em vez de um homem, sua filha celebrava esse momento ao seu lado. A insatisfação dos que não elegeram o agressor tomou algumas formas óbvias: nas varandas das elites, essa mulher foi chamada de piranha, vagabunda, mandaram que tomasse no cu. 

Um adesivo com a sua imagem, onde foi estampada de pernas abertas, era colocado sobre os carros para que a mangueira de abastecimento de combustível simulasse um estupro. As ofensas à sua figura se misturavam com as críticas ao seu governo. Ela nunca teve tranquilidade para governar. 

Diferentemente dos homens que a antecederam, nunca aliviaram seus erros, nem celebraram tanto seus acertos. A grande imprensa não hesitava em destacar seu nome em manchetes que pudessem alimentar uma impopularidade.

 Foi capa de revistas que a retratavam como louca, descontrolada, violenta, quase uma megera de contos de fadas. Até quando seu neto nasceu as mensagens dirigidas a ela e sua família eram depreciativas.

 Foi exposta por áudios que violaram sua privacidade, foi traída por seus aliados diante de todos, foi ridicularizada ao ser chamada de "querida" por um companheiro de luta, como se não tivesse direito ao afeto. Em toda parte, a mídia e os que a traíram desejam que vá embora, como uma pessoa monstruosa.

 E ela é a única sobre a qual não recaem denúncias. Não cometeu crime de responsabilidade capaz de afastá-la de seu cargo. Ontem, pela primeira vez, ela disse: “A História ainda vai dizer o quanto de violência, de preconceito contra a mulher, tem nesse processo de impeachment golpista”. 

Hoje dizemos, por tudo isso, que ela já ficou. De ponta a ponta esse processo contém elementos que são mais ou menos comuns a todas nós, mulheres. Mas não temos, nem por isso, a menor dúvida de que nós ficamos. 
De que sobrevivemos umas pelas outras e por nossos filhos. De que a invisibilidade que nos é imposta não é suficiente para que acreditemos que não estamos aqui. Que continuaremos aqui. Nós ficamos. 

Vocês vão ter que lidar com isso, institucional, coletiva e intimamente. Vocês nos matam e nascem mais milhões de "outras nós", mas agora com a memória do que vocês fizeram conosco. Nós ficamos, nós estamos aqui."
(Maria Gabriela Saldanha)
 
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