domingo, 25 de setembro de 2011 0 comentários

Um olho na Santa e outro na luta, com fé e greve. É tudo movimento!

Última semana de setembro, Belém respira o clima do Círio de Nazaré. Muitas peregrinações, muitas rezas, muitos ciclos de oração, muitas preparações para o primeiro Natal dos paraenses.

O Círio é tão milagroso, que já fez até o prefeito Duciomar trabalhar um pouco e a rua por onde passará a Santa, pegou uma tinta de asfalto, para que os romeiros não deem topadas em buracos ou depressão no asfalto. A foto acima é de um belo cartaz do Círio feito pelo Banpará. O povo é de fotos de bancários que trabalham no banco.

E o movimento é de fé e esperança também na imensa capacidade de organização e luta da classe trabalhadora. Os correios já estão em greve por melhores salários e por condições de trabalho, lutando para crescer renda e emprego no ritmo do Brasil. Nesta segunda 26, entram em greve os servidores da educação no Pará, na briga pelo piso nacional da categoria e também pela implantação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração.

E na terça 27, é a vez da categoria bancária cruzar os braços de ponta a ponta do país, após ter rejeitado 0,56% de aumento real, quando a pedida é 12,8% (5% de aumento real + a inflação do período).

Vamos à luta! O movimento é sempre rico, intenso e cheio de aprendizado! Setembro, outubro, que tempo bom!
quinta-feira, 22 de setembro de 2011 0 comentários

Só dá Dilma! Te mete!


Pra mim e para as mulheres e homens brasileiros foi uma honra ouvir a presidentA Dilma abrir a 66ª Assembleia das Nações Unidas, a primeira mulher a fazê-lo, ela que foi torturada. Falou da necessidade imperiosa da igualdade, defendeu o Estado palestino, defendeu a Comissão da Verdade. Uma fala de classe, de gente.

Mais que nunca senti que o A de presidenta está reforçado na figura da Dilma. E olha que tenho muitas críticas a algumas políticas do governo Dilma, como muitos da equipe econômica. Mas ao ouvi-la falar na ONU, meu coração se encheu de alegria e orgulho. Fiquei feliz de ter lutado muito para ela chegasse à presidência da República, para que governasse nosso país com mãos de mulher.

Vai em frente, minha presidenta pai d'égua! Em cada ponto deste país, estamos aqui para reforçar a democracia, a liberdade e a igualdade de oportunidades.
terça-feira, 13 de setembro de 2011 0 comentários

É tempo de Círio, de movimento e do amor que atravessa os tempos

Tempo de Círio, fé, agradecer. Tempo de lutas no movimento sindical bancário e cutista, tempos de saudades. Essa mistura toda e os cinco meses sem meu paizinho me fez ir cedo rezar à Virgem de Nazaré na agência Pedreira/Belém, do Banpará. Momento de fé e acolhimento, carinho, tudo o que a alma precisa quando quer colinho.

Na agência, os colegas celebraram a palavra , rezaram, agradeceram, pediram muito à Nazica e depois tomaram um café na copa da agência e a conversa uniu todo mundo. Momento de fé, de juntar sentimentos e pessoas, momento muito pai dégua em que se falou de pessoas amadas, movimento sindical, campanha salarial, direitos, vida em movimento!

Papai amaria estar peregrinando nas rezas do Círio comigo, ele que sempre amou gente, maresia, gente, barulhinhos bons, conversa,  vida.

Ao me encontar hoje com a Virgem Maria, senti o abraço acolhedor do meu pai. E que a vida continua.

Viva a Virgem Maria, viva o amor que atravessa  todos os tempos e se funde em saudade.


(Foto da imagem da Virgem de Nazaré e de um peregrino trabalhador da agência do Banpará Pedreira. Meu agradecimento aos colegas pelo convite para conversar com Maria).
domingo, 11 de setembro de 2011 1 comentários

Em Belém, está valendo a licença para desmatar. Ô Câmarazinha!



Em Belém, foi votada a licença pra desmatar e por essa emenda já podem ser desmatados o Parque Ariri, o Parque Guajará, a área da Marinha, a orla do Maguari e afluentes. Vinte e um vereadores derrubaram o veto do prefeito e tornaram legal o desmatamento. Tudo começou quando a Câmara Municipal de Belém  um projeto alterando o Plano Diretor Urbano e autorizando a construção de prédios multimafamiliares em toda a orla do rio Maguari e no entorno da rodovia Augusto Montenegro.

É a mesma Câmara Municipal que mudou o nome histórico da Apinagés para o nome de um dono de supermercado e que agora atenta contra a vida e o meio ambiente. E que discute o projeto de privatização do lixo,que o prefeito Duciomar tem muita pressa em aprovar.

Leia toda a história no blog do Zé Carlos do PV.

E como hoje é o ultimo dia Feira do Livro em Belém, no Hangar, não deixem de comprar um exemplar do ótimo Café com Pupunha, uma roda de conversa da população em Icoaraci que rendeu um livro com boas histórias da memória popular, resgatadas pelo Movimento de Vanguarda da Cultura Icoaraci (Mova-ci), que atua na preservação da memória cultural da bela Icoaraci.
sábado, 3 de setembro de 2011 0 comentários

Marcha das Vadias. Entre a escadinha e a mangueira da praça, o domingo tece teias


Domingo passado, 28 de agosto, houve a Marcha das Vadias em Belém. Bonita, vibrante marcha denunciadora da violência e do preconceito contra a mulher.

Meu eterno companheiro Raimundo Sodré escreveu um belo tetxo sobre a Marcha das Vadias, a cultura e o descaso. Compartilho o escrito acá, sem nem pedir licença. Ah! e Sodra é eterno companheiro na arte de compartilhar os muitos pães da vida:



O domingo tece teias...

No domingo passado, ainda cedo, ali pelas 9 horas, a escadinha das Docas animou-se com a concentração da Marcha das Vadias. Atravessei a baía no primeiro barco para participar do evento. Foi bom estar no comecinho da mobilização porque pude mensurar a quantidade de energia empregada na realização da marcha e constatar, com um tanto de encanto, o nível de compromisso e apego das pessoas envolvidas numa causa melindrosa e, até certo ponto, estigmatizada.

Chegar um pouquinho antes da hora me possibilitou também a assimilação, em princípio não muito fácil, do nome dado à caminhada: “Marcha das Vadias”E lá pelas dez da manhã quando o sol já fulgurava no céu, a dura realidade e a ‘luta das mulheres no mundo’ para combatê-la foram se desenhando à jusante da Presidente Vargas: Aquilo não era sobre sexo, era sobre violência, esclarecia o panfleto distribuído na marcha. Um grito. Um não. À violência moral, sexual, social. Um não. Aos patrulhamentos de condutas e hábitos, ao controle dos amores. Um não. Ao vilipêndio de nomes e à coisificação de corpos. Este foi o recado propagado pelas Vadias. E ali na concentração, me resignei e assumi a mais elementar das constatações. Nosostros, homens sem sentido, tino ou verve (e, ainda, uma boa parte da sociedade) sequer somos dignos de desatar os cordões semânticos das sandálias que calçam o termo ‘vadia’.


Não posso negar. Minha mãe, se viva fosse, jamais deixaria as minhas irmãs participarem de um ato com este nome. A tradução do real sentido daquele título, penso eu, foi o primeiro grande desafio do movimento. Mas por ali, ouvindo um discurso, uma entrevista, uma declaração. Em conversas com amigas que faziam parte da organização, fui tomando pé da história desta manifestação e dos objetivos da passeata aqui em Belém. Como se dizia antigamente: se inteirando das coisas, o coração se abre e a mente clareia (e, sabe, tenho certeza que mamãe, se viva fosse, mudaria de opinião sobre a participação das meninas, ante alguns sagrados e belos significados de ‘vadia’).


Fiquei por ali, acompanhei um pouquinho a caminhada e as palavras de ordem, excitei o meu eu-lírico feminino, me penitenciei de alguns pequenos pecados... mas tive que me aviar. Havia um convite do Sancari para vê-los tocar na Praça da República. E eu tinha que prestigiar. Afinal, o grupo é da Pedreira, o bairro do Samba, do amor e do Carimbó.

Quando cheguei na praça, a moçada do Sancari já estava arrebentando a boca do balão. Tudo convergia para o deleite e para o prazer, também. Aqueles elementos fundamentais para a preservação da espécie humana estavam presentes. O Lundu, o chão de terra para bater o pé, o ar da praça para propagar as palmas, o fulgor do sol das 11 horas, a aguinha a 1 Real (e a sombra da mangueira, não computada pelos gregos, mas fundamental para proteger dos raios uvê), sorrisos de conquista e ritmos de corpos demarcando território (porque o homem é o único animal que ri e a dança foi umas das primeiras formas eficientes de comunicação). O Sancari provou que o Carimbó não morreu. Tocaram com propriedade e zelo. E de tudo. Fizeram releituras, passearam pelo tradicional e pelo autoral. Espetacular a apresentação dos meus vizinhos pedreirenses.

O domingo tece teias...e entre o discurso de conscientização das Vadias no entorno das Docas e o frenesi do Carimbó embaixo da mangueira na praça, permanece a desolação das balaústras seculares destruídas, ali naquela escada que dá acesso à Presidente Vargas. Lamentável.
 
;