domingo, 24 de março de 2013 3 comentários

Delícias da vida ou a saga de um sururu que saiu de Bragança/Pa e fez comprido percurso até Ribeirão Preto/SP

Sururu, mexilhão, o nome é variado, como é variada e deliciosa a cozinha brasileira. Aqui, a história de um sururu da água doce, mais precisamente do rio Caeté, em Bragança.Pa, cidade que neste 8 de julho/2013 completa 400 anos, mais velha que Belém, a capital do Pará. Cidade bonita, histórica, cidade que se dança a Marujada, dança comandada por uma mulher, a capitoa. 

É de Bragança.Pará que vem o sururu desta história. 

Como faço todos os meses, fui um dia tomar a bênção de mamãe em Bragança e resolvi comprar uns litros de sururu na feira de Bragança. Na casa da mamãe, a querida Socorro lavou e botou pra cozinhar só na água e sal. Quando levantou a fervura, Socorro apagou e esperamos quase esfriar. Ainda tava bem morno quando eu, Antonio meu mano mais velho (as mãos dele aparecem na foto aí embaixo) e mais Socorro tiramos o sururu da casca, ela botou um limão, guardamos no saco e foi pro congelador. Dali, era voltar pra Belém e enviar para a amiga-mana Ruth Rendeiro, paraense e também jornalista das raras que hoje mora em Ribeirão Preto-SP. Porque eu sei bem o que é a saudade das comidas e dos cheiros da terra da gente!

Era pra ter seguido logo, mas não foi. Bem que tentei enviar pela TAM ou GOL, mas tem tanta burocracia e tanta exigência sanitária e fiscal que quase desisti. Mas sou amazônida, acostumada a remar contra a correntenza, na primeira de copa que pintou uma viagem pra Sampa, lá carreguei o isopor saliente que deslizou na esteira de Congonhas e lá em Sampa, ficou no abrigo do coração e do congelador de outra mana amazônica que hoje mora em Sampa, por conta de lides sindicais bancárias - a Andréa Vasconcelos, combativa diretora de Políticas Sociais da CONTRAF-CUT, a Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro.

Pelo feice hoje eu soube da Ruth que o sururu vai sair de Sampa e chegar nesta Sexta-Feira da Paixão em Ribeirão Preto.

Boa, ótima notícia! Minha alma escancara um sorriso de alegria, recompensada. E do feice da Ruth, a história contada por ela mesma, aí mais embaixo.

Beijão, mana! Bom sururu em nossas vidas inquietas e risonhas!
Já cozido, o sururu da água doce....

Mano Antônio mostra o sururu tirado....
A saga do sururu contada pela Ruth Rendeiro:
Ele foi catado em Bragança, a bela cidade paraense às margens do rio Caeté. Empacotado seguiu para Belém e lá permaneceu até ontem. Neste momento encontra-se em solo paulistano, em um hotel no centro de Sampa, depois de mais de três horas de voo. Não deve estar entendendo nada. Seus parentes sempre viajam muito, mas ele deve estar batendo o recorde da família.

O próximo destino ainda é incerto. Talvez a Vera Paoloni a sua atual tutora, já tenha comentado e ele ouvido, que a última parada será em Ribeirão Preto, no interior de SP. Lá será saudado efusivamente e ocupará lugar de destaque na mesa de uma paraense saudosa, que uma outra, generosamente, se dispôs a trazer de tão longe, relegando os incômodos que muitos argumentam de não andar com quaisquer produtos que possam identificá-los, na cidade grande, como um “paraíba” agarrado ao seu isopor. Ela só quer fazer uma amiga feliz, independente do cheiro do pacotinho ou da mala que ficou um pouco mais pesada.

Mas o meu sururu, ou mexilhão como chamamos em casa, ainda terá que esperar para ser saboreado em terras paulistas. Do hotel ele irá para a casa de uma amiga da Vera e depois hibernará no freezer de uma amiga minha, no Morumbi, aguardando a minha próxima viagem à capital. Não importa o longo tempo. O que vale é a degustação ansiosamente aguardada e a deliciosa sensação de há pessoas que agem mais do que falam e não se impõem limites para fazer o outro feliz. Obrigada Vera! Este sururu é de fato muito especial.

E em Bragança também tem:

A melhor farinha do mundo. A lavada é especial.

Buriti, vinho de buriti, essa delícia que se toma com farinha e açúcar... huuummmmmm
Bacuri, a fruta mais gostosa do mundo, única e e que só dá uma vez por ano, no inverno amazônico de dezembro a março,abril
A marujada, linda e única festa que dura o mês de dezembro, com dança, retumbão e mais de 200 anos de história
Uma das mais belas praias do mundo, a praia de Ajuruteua....
sexta-feira, 8 de março de 2013 0 comentários

Caminhando e semeando alegria e esperança... Viva 8 de Março, Dia Internacional da Mulher!

Gosto muito de Cora Coralina, Florbela Espanca e muitas outras.

Então - e já saindo para a caminhada da mulherada em Belém - meu abraço a cada compa, a cada lutadora que todo santo dia espalha alegria e esperança, com muita fé, amor, resistência e uma enorme capacidade de lutar! Continuemos em marcha e avançando, sempre, sem medo de ser feliz!

Pra cada uma de vocês, com uma pitada de carinho, ensinamentos de Cora Coralina e parabéns por todas as lutas consagradas no 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. E abraços aos compas que caminham junto com a gente nas jornadas desta vida:

O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”.(Cora Coralina).


Caminhada de mais 3 quilômetros, sob um mormaço do inverno amazônico.

A caminhada tinha 4 alas, como eixos temáticos: 1) corpo, autonomia e estado laico; 2)saúde e violência; 3) a insustentabilidade do modelo de desenvolvimento na Amazônia; e 4) mulheres no espaço de poder.
Agora, cliques do Lucivaldo Sena na belíssima Marcha
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Autonomia e igualdade: é só o básico que reivindicamos!
terça-feira, 5 de março de 2013 0 comentários

Em menos de dois dias, duas pancadas na alma: Luzia e Hugo Chávez. LUTO!

Em menos de 2 dias, duas pancadas na alma. Primeiro, a companheira Luzia Fati que se foi assim rapidamente. E hoje, o comandante Hugo Chavez, um dos maiores líderes latinoamericanos que tive a felicidade de ver, ouvir e muito aprender.

Vá em paz, companheira Luzia!

Vá em paz, comandante Hugo Chávez!

 Tou de luto, tou triste, coração doído mas sei que em nossas vidas e na memória da luta  vocês estarão sempre PRESENTES!

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No sítio da CUT Nacional sobre Chavez:
Seu legado e o recado de que é possível acreditar num mundo justo e igualitário permanecem. Certamente, a América Latina que queremos, socialista, solidária, integrada, não avançaria como avançou nos últimos anos não fosse a contribuição do homem que sempre teve como referência Simón Bolívar, responsável por expulsar os espanhóis da Venezuela.

Em seu governo, Chávez demonstrou que é possível crescer combatendo a miséria e privilegiando o povo: os venezuelanos abaixo da linha da pobreza eram quase metade da população e passaram para 27,8% durante seu governo. A taxa de mortalidade infantil diminuiu de 27 por mil para 14 por mil. O acesso à água potável subiu de 80% a 92% da população e o consumo de alimentos cresceu 170%.


A taxa de escolaridade cresceu de 40% para 60% e, de acordo com a Unesco, o país também ficou livre do analfabetismo.

Como em qualquer revolução, o comandante bolivariano colecionou desafetos conservadores, especialmente a velha mídia, inclusive brasileira, que sempre o considerava um ditador. Os meios de comunicação não citavam, contudo, que Chávez participou de 14 eleições e referendos, saindo vencedor em todas elas.

A última, em outubro de 2012, com 54,42% dos votos. Mas, dessa vez, o líder bolivariano sequer pode ascender ao cargo que ocupava desde 1999 e assumiria pela terceira vez.

A morte de Hugo Chávez nos deixa mais carentes de líderes que sonham e praticam o que pregam. Acreditamos, porém, que sua jornada inspirará muitos outros sonhadores.

Obrigado, comandante.  

E sobre Luzia Fati:


Comprometida com a luta por uma sociedade justa, democrática e igualitária, buscando avançar nas questões socioambientais, Luzia cumpriu papel fundamental na formação e organização da classe trabalhadora na região Norte, estimulando com seu exemplo de abnegação e coragem os dirigentes sindicais nessa luta, reforçando o seu envolvimento e comprometimento. A ação na base deu resultado e redundou num forte crescimento do sindicalismo cutista, particularmente entre os trabalhadores rurais.
Seu legado de combatividade, organização, experiência e carisma ficarão marcados para sempre na história do movimento sindical brasileiro.
História: Luzia foi eleita para a Executiva Nacional da CUT no 6º CONCUT, realizado em 1997, representando o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém – PA. Foi reeleita para a Executiva Nacional no 7º CONCUT, realizado em 2000, e também no 8º CONCUT, em 2003.  Integrou a Comissão Nacional sobre a Mulher Trabalhadora da CUT e foi coordenadora da Comissão Nacional da Amazônia da CUT, criada no 8º CONCUT, em 2003.
Atualmente, exercia a tarefa de educadora da rede de formação na Escola Sindical Amazônia. 

P.S. -  Lindo soneto do poeta paraense Antonio Juraci Siqueira e tudo a ver: 

SONETO DO AMOR AUSENTE

Da tua ausência fiz uma canoa
para buscar-te pelas madrugadas
entre as estrelas, entre as nuvens, entre
as vagas do oceano da ilusão.

Dos retalhos de sonhos e delírios
fiz vela, bujarrona e, da esperança,
bússola e leme desse estranho barco
feito nas longas noites de vigílias.

Agora, a velejar pelo infinito
dentro da noite seguirei e quando
teu rosto amado descobrir, nas brumas,

não mais hei de perder-te pois carrego
em minhas mãos o inapagável lume
do amor que aprisiona e que liberta.
 
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