segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O mal que a privataria tucana fez ao país, ao emprego e às nossas vidas

Ganhei dois livros do meu filhote Adriano no dia 31 de dezembro/11: "A Privataria Tucana" e "A vida quer é coragem". No primeiro, um pedacinho da dedicatória: "Quem diria que algum dia o grande esquema de venda da nossa soberania seria desnudada? Que este livro possa lhe causar espanto, mas também satisfação em saber que o tucanato não sairá incólume. Beijos, mãe".

Foi como leitora que viveu aqueles anos terríveis que devorei o livro. No final dos ano 1990 eu estava na presidência do Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá (desde dezembro 2010 o Amapá tem seu próprio sindicato de bancários). Com minhas companheiras e companheiros, vivi na pele, na resistência e na luta o processo de privatização do país, nesse período das trevas em que FHC presidia o país e Serra era o ministro dele. Quem foi sindicalista nesse período, sabe bem do tamanho de resistência a que me refiro, com todos os canais de diálogo fechados, o emprego e sonhos dilacerados e o mundo desabando sobre nossas cabeças. Era resistir e resistir.

No Sindicato, recebíamos a enxurrada de trabalhadores demitidos do dia pra noite e o exército formado pela cruel novidade tucana chamada de  PDV's - Programas de Demissão Voluntárias -, em que as pessoas eram intimiadas a sair da empresa, com algum dinheiro no bolso e a promessa de um mundo empreendedor mágico. Vimos os suicídios decorrentes desses PDV's e choramos vendo o desespero de famílias inteiras de repente sem emprego, sem trabalho, sem renda e sem qualquer perspectiva.

Em todo o canto do país, empresas públicas vendidas a qualquer preço, fila do desemprego crescendo num ritmo alucinante, a invenção do reajuste zero e instalação de uma política de abono salarial que ia embora sem deixar nada no FGTS, no plano de saúde.

No salário-mínimo, a devastação tucana também deixou sua marca: reajustes tão mínimos no salário  e nas aposentadorias que fez meu pai detestar FHC pelo resto da vida dele. Só pra ter uma ideia, de 1996 pra 1997, o mínimo subiu apenas R$ 8,00 (cresceu de R$112,00 pra R$ 120,00).

Ler "A Privataria Tucana" é indispensável pra conhecer esse período de trevas e o imenso mal que causou às famílias, ao país, à soberania, à autoestima e às nossas vidas. E não adianta a Veja aprontar pois o livro do Amaury Ribeiro Jr já é um tremendo sucesso de venda. Não deixem de lê-lo.

Fico feliz em ter investido parte substantiva da minha vida em um projeto que faz contraponto a esse projeto tucano que quer liquidar nossos sonhos e nossas vidas. Votei em Lula, Dilma e continuo acreditando e construindo a mudança junto com o PT.

Criticamente, claro, porque incondicional só amor de mãe.

E no blog do altamiroborges 

Boechat escancara roubalheira tucana


8 comentários:

soldeprata@gmail.com disse...

Querida companheira Vera Paoloni, meus olhos marejaram ao ler deu post lido hoje. Tenho dois irmãos ex-bancários, uma do Banpará, que vc sebe quem é. E outro do Banco do Brasil, que tenho certeza de que sabe também, que amargaram esse destino cruel das PDV's e nunca mais tiveram vida digna. Meu irmão até hoje fala de sua demissão voluntária, com o brilho que não existe mais em seus olhos.Era gerente do BB em Igarapé Açu,quando foi iludido com as falsas promessas desses canalhas. O que gerou o fim de um sonho que tinha de criar seus 6 filhos (4 deles, adotivos), com a dignidade de um jovem sonhador que passara num dos concursos dos mais difíceis, formou sua família e depois quase morre de desgosto. Até hj é muito sofrido. Minha irmã, depois de haver sido gerente do bco em que trabalhou, saiu tbm iludida com a PDV com alguns reais no bolso, depois de muita tortura pscológica pela qual vc tbm passou. Mas eu resisti, não saí com ela, cfe havíamos combinado. Minha grande amiga Edda, rasgou, no último dia, minha carta. (Aquela que vinha impressa no meio da "cartilha", lembra?). Se bem que isso não adiantou muito, pois em seguida adoeci, entrei em depressão, de benefício e saí por "invalidez". O que me causa um grande mal até hoje. Porque é o mesmo que botarem uma "tarja preta de insanidade na nossa testa". Bem jamais esquecerei da tremenda sacanagem de ter que ouvir diariamente : "o banco vai quebrar!". Muitos dos nossos colegas viraram feirantes, taxistas e muitos ficaram desempregados até hoje. Tão produtivos ainda. Essa denúncia da "Privataria Tucana" me lavou a alma, assim como o dia em que o Collor sofreu o impicthaman.Não há mal que sempre dure, companheira !

lapaoloni.blogspot.com disse...

Sol de prata,

não foi fácil enfrentar aquele período. Não foi, mesmo.

Quero te encontrar pessoalmente. Podes me mandar teu telefone?

Grande e carinhoso abraço,
vera

CAE de Itapeva, São Paulo disse...

Parabéns pelas palavras!! Não fui e não sou sindicalista, mas veio-me a memória, como num relampejar, àqueles anos tenebrosos. Obrigado por não me deixar de ter raiva destes tucanalhas. Pro. Sandro - Itapeva-SP.

Anônimo disse...

E ainda tem gente, no Face, que está, indisfarçadamente, lançando Paulo Chaves para prefeito de Belém.

Esse gastador, um notório praticante de aditamento das obras públicas, eleito prefeito, quebrará a municipalidade.

Chega de megalomaníacos para gerir o dinheiro público.

Respeito e responsabilidade é o que Belém merece. Essa gente toda tá bem, já tá com c/c gorda de tanto aditar obra.

Chega! Pense em dias melhores para Belém.
Paulo Fernandez

Anônimo disse...

Emocionante...

Que pena que a grande mídia oculta esses anos ou pumior, trata FHC como o "criador do Brasil estável" sendo que ao final do seu governo tudo estava tão descarrilhado como antes, país quebrado, inflação crescente e o pior, o brasileiro com a auto-estima lá embaixo...

Corremos o risco de apagar esses anos negros como apagamos a Ditadura e muitos outros acontecimentos.

Tenho muito orgulho de ser brasileiro, e gosto de representar meu país aqui no exterior, mas nada pior que um povo sem memória.

Ainda bem que temos o Amaury e pessoas como você Vera, pra não deixar isso tudo ir pra debaixo do tapete da história.

Lucas Fontelles

Guina disse...

Que ótimo post sobre o livro-bomba do Amaury!

De fato toda a nação foi prejudicada nestas nefastas privatizações operadas pelos tucanos.

Mas é pertinente este texto, pois foi escrito por quem viveu o drama de perto.

Estou republicando no meu blog (citando a devida fonte), pois o Brasil precisa estar atento a ameaça de um dia essa gente voltar ao poder.

Saudações,
Guina publicou um post sobre.. Privataria Tucana:Provas Não Faltam.Falta é Vergonha na Cara!

Anônimo disse...

Eu enxergo diferente de vocês.
Posso até aceitar, que o governo de FHC teve seus erros. Mas quantos, não passaram pelo espaço presidencial brasileiro, não cometeu erros? Quem não ficou sem o dinheiro da poupança, na época de Fernando Collor? Acredito ser mais grave, que as privatizações de FHC. Mas não podemos generalizar, graças ao plano real, hoje o Brasil cresceu e se renovou. Quantas tentativas de dinheiro o Brasil teve??
Quem realmente está errado? Qual é o governo, que prejudica mais o contribuinte? O que privatizou ou o que cobra altíssimos impostos e não temos uma saúde com dignidade, segurança que são obrigações do governo federal. Eu me dei muitíssimo bem com o governo FHC. Historicamente falando, e como dizia Raul Seixas, nenhum governo no planeta, agrada "GREGOS E TROIANOS" terá sempre um, que não gostará de seus governantes. Temos que sermos humildes e ver ambos os lados da história.
Tenham uma boa noite!

zejustino disse...

Anônimo que se deu bem com o des-governo do FHC. Pode ser que muitos tenham se dado bem com aquele des-governo. Sua situação e de outros que se deram bem significaram a tragédia para milhões. Só os bancários tiveram CENTENAS DE MILHARES de demissões. A PRIVATARIA, que você chama de privatização, foi uma DOAÇÃO de patrimônio público. Hoje, os tucanos esbravejam contra a Petrobrás porque não conseguiram entregá-la totalmente. O auge do entreguismo seria a troca de nome para PETROBRAX. Fizeram o mesmo com o Banco do Brasil que, na época, fizeram uma pesquisa junto ao funcionalismo a respeito da troca de nome para BANCO BRASIL. Banco Brasil não é banco DO BRASIL ou banco DOS BRASILEIROS; é um banquinho, um tamborete qualquer para ser vendido na bacia das almas. A corrupção, o entreguismo DESCARADO E VERGONHOSO do OCIÓLOGO e de seu governo atrasou nosso país e tem custado muito para sua recuperação. O Plano Real não é do FHC, é do governo ITAMAR FRANCO. Mesmo assim, herdamos dele uma inflação enorme antes de 2003, uma moeda fraca, um salário mínimo chinfrim e muita miséria nas ruas e desemprego. FHC foi e ainda é um serviçal fiel dos interesses ianques neste país. Veja o que acontece hoje na Europa. O plano é o mesmo. A diferença é que lá não houve, que eu saiba, o bacanal privateiro que houve aqui.

 
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