segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Balaio do Kotscho: vamos espantar este espírito de vira-latas

O Brasil trouxe um punhado de medalhas das Olimpíadas de Londres, encerradas ontem. Teve um desempenho bom, mas é muito possível que a perda do ouro no futebol deixe um gosto amargo na boca e a gente nem se dê conta que ganhou lindamente no judô, no vôlei e no boxe. 

Bora reagir a esse desânimo plantado, incutido. Vamos espanar esse baixo astral e espantar o espírito de vira-latas, como diz o Kotscho neste belo artigo publicado em seu Balaio. "Nem somos uma terra de vira-latas, nem um país de heróis: as Olimpíadas são apenas um momento em que nos encontramos com as nossas grandezas e as nossas misérias, dentro dos campos e fora deles"

Muito axé e boa semana, com alegria e garra, meu povo!


Perdemos no futebol, como sempre, mas ganhamos medalhas como nunca nas Olimpíadas que terminam neste domingo em Londres.
Com a prata que ganhamos no jogo em que a seleção de Mano Menezes e José Maria Marin entregou o ouro ao México, batemos o nosso recorde, chegando à 17ª medalha. Foi de prata, mas tudo bem.
Mais de 200 países mandaram seus atletas a Londres e muitos não ganharam medalha alguma. Vamos ficar entre os 30 primeiros, uma posição que, se não é nenhuma beleza, também não quer dizer que o Brasil deu vexame de passar vergonha. Tivemos belas vitórias no judô, no vôlei e no boxe.
Durante duas semanas, a cada derrota brasileira, mais uma vez vivemos a síndrome de país vira-lata e, a cada vitória, ganhamos novos heróis.
Nem somos uma terra de vira-latas, nem um país de heróis: as Olimpíadas são apenas um momento em que nos encontramos conosco, com as nossas grandezas e as nossas misérias, dentro dos campos e fora deles.
Sarah Menezes, a nordestina que trouxe o ouro no judô. 
Claro que a maior frustração veio na final do futebol masculino nesta manhã de sábado, em que tínhamos tudo para ganhar nossa primeira medalha de ouro, depois de pegar adversários fracos ao longo da competição.
Antes do jogo começar, porém, um detalhe me chamou a atenção e acabou explicando o que aconteceu ao longo dos 90 minutos: todos os jogadores do México cantaram bem alto o hino nacional deles, enquanto os meninos da seleção brasileira ficavam em silêncio obsequioso ao ouvir o nosso.
Pode parecer bobagem, mas este foi um sinal de que o México entrou em campo não apenas para competir, mas para ganhar, enquanto o time de Mano nem parecia estar disputando uma medalha de ouro inédita para o Brasil.
Depois de tomar um gol aos 30 segundos, numa bobeira do lateral Rafael, que bem simbolizou o estado de espírito desta seleção, sem se importar com o que estava em jogo, Mano Menezes passou o resto do tempo à beira do campo gesticulando e xingando o juiz. No fim do jogo, ao  Rafael repetir a dose de indolência, Jean quase saiu na porrada com o lateral
Como bem reparou Romário, o comentarista da Record que é o que mais entende de futebol na televisão, Mano nem deveria estar lá, mas sim Ney Franco, o técnico que classificou o Brasil para as Olimpíadas.
"Mano é treinador de clube", disse Romário _ e de clubes que disputam a segunda divisão, acrescento eu _ e não tem perfil para comandar a seleção brasileira.
Tudo tem o lado bom e o lado ruim na vida. O lado bom desta derrota por 2 a 1 para o México em Wembley seria Mano pedir o boné, já que dificilmente José Maria Marin, o homem das medalhas que ganhou de bandeja a CBF de Ricardo Teixeira, terá grandeza para renovar todo o comando do futebol brasileiro. Teria que começar por ele mesmo.
Em 2014, teremos a Copa do Mundo no Brasil; dois anos depois, as Olimpíadas serão no Rio de Janeiro _ um bom motivo para a gente construir desde já novos caminhos, sem espírito de vira-lata nem mania de grandeza, mas apenas tratando o esporte com mais respeito.
Falta pouco tempo, senhores cartolas.
Renato Sorriso iluminou o encerramento das Olimpíadas. No Brasil, muita gente torceu o nariz  e botou as digitais preconceituosas na internet. Ô raça!

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