segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Carlos Cordeiro: o neoliberalismo perdeu a vergonha e volta a dominar todos os espaços na grande mídia nacional, mesmo após ter provocado a perda de 30 milhões de empregos no mundo.

Resumo da ótima entrevista que o Carlos Cordeiro (Carlão), presidente da Contraf-CUT (confederação dos trabalhadores do ramo financeiro) deu ao sítio da confederação. Ele fala dos desafios que o movimento sindical e a classe trabalhadora têm para este ano que se inicia e também para os próximos. Pois PIG e velha mídia estão bem articulados e em franca campanha pra trazer de volta o retrocesso ao Brasil.

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"Em nome do deus mercado, os neoliberais, cujo quartel-general se esconde nas entranhas no sistema financeiro, combatem a política de queda de juros e spread do governo federal, rebelam-se contra a redução das tarifas de eletricidade e contra as intervenções do Estado para regular áreas estratégicas da economia. Demonizam as políticas sociais e amplificam a campanha visando criminalizar a ação política dos que os combatem, especialmente dirigentes políticos do Partido dos Trabalhadores. 

Apesar de ter provocado a crise econômica, que desde 2008 fechou mais de 30 milhões de postos de trabalho em todo o mundo, e na Europa estar destruindo o Estado de bem-estar social construído em quase um século de lutas dos trabalhadores, o neoliberalismo perdeu o pudor e volta a dominar todos os espaços na grande mídia nacional", diz Carlão.
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Desafios da classe trabalhadora, movimento sindical e bancários, destacados por Carlão:
  • Regulamentar-já a mídia!
Urge uma regulamentação da mídia. O marco regulatório das comunicações no Brasil é de 1962, de uma época que não havia sequer televisão a cores, quanto mais TV a cabo e internet. A Argentina está fazendo essa discussão, com um projeto que tem recebido elogios das Nações Unidas. A Inglaterra está punindo os excessos e crimes cometidos pelos jornais do Rupert Murdoch. Na Europa e nos Estados Unidos há limite para que um mesmo grupo empresarial acumule propriedades cruzadas de meios de comunicação, de forma a impedir o oligopólio e incentivar a diversidade de propriedade de meios de comunicação e, em última instância, a liberdade de expressão e a pluralidade de opiniões.

  • Acabar com demissão imotivada, terceirização, precarização...
Do ponto de vista corporativo, o grande desafio hoje colocado é o emprego. Temos de criar condições para grandes mobilizações em defesa do emprego, porque banco e governo é como feijão: só com pressão. É importante negociar, estabelecer as mesas de negociação, mas negociação sem mobilização é frágil. E isso passa por ampliar nosso diálogo com os trabalhadores, para estarem mais presentes nesses processos de negociação, participando das mobilizações.

É possível dar um salto de qualidade no debate do emprego. Não podemos ficar atrás do debate que há em outros países, que têm empregos estáveis, sem rotatividade. Esse é, sem dúvida, hoje o maior desafio que a categoria bancária tem. É preciso acabar com a demissão imotivada, com a terceirização, com a precarização, com o trabalho indecente, com os projetos de correspondentes bancários.

  • Pra que serve o sistema financeiro?
A reforma do sistema financeiro é absolutamente prioritária. Por isso, nós precisamos cada vez de uma conferência nacional sobre o sistema financeiro. Como o governo ignorou as várias solicitações que fizemos para realizá-la, cabe aos trabalhadores e outros representantes da sociedade concretizá-la. É muito importante discutir não apenas o papel dos bancos e do crédito, mas acima de tudo o que a sociedade quer de um sistema financeiro, para onde estará direcionado, quem vai ser atendido, a questão da universalização dos serviços bancários, a redução dos juros e das tarifas e, acima de tudo, com fiscalização eficiente e punição exemplar quando houver falcatruas.

  • Remuneração decente e fixa
Os outros dois desafios corporativos são o da remuneração e das condições de trabalho. É preciso inverter essa lógica de remuneração variável x remuneração fixa. Temos que lutar por uma remuneração decente, fixa, e que tenha impacto em toda a vida laboral, especialmente na aposentadoria do trabalhador. Essa é uma mudança que vai depender de muito debate com os trabalhadores e muito enfrentamento com os bancos e com o governo. E, claro, da nossa unidade e mobilização.
  • Movimento sindical precisa se qualificar sobre grandes temas
 As reformas tributária e política, a regulamentação do sistema financeiro e o marco regulatório das comunicações são temas que a sociedade, e especialmente os trabalhadores, precisam ficar a par deles. E para isso o movimento sindical precisa estar preparado, conhecer esses temas e se especializar neles para promover a discussão, fazer o debate e dialogar com os trabalhadores. Temos que ter posição a respeito desses temas e, mais do que isso, fazer a disputa na sociedade, sendo a referência dos trabalhadores, porque hoje os empresários acabam sendo a grande referência.

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