sábado, 29 de junho de 2013

O grito do menino de 5 anos vara nossa alma: "não me mate, não mate minha mãe"! Aos que estão acordando....

NÃO ME MATE! NÃO MATE MINHA MÃE!


Que o apelo de Brayan Yanarico Capcha ao menos acorde Alckmin e seus sonâmbulos.
* Chico Cavalcante ___________________________________

Tudo em volta de nós deveria parar quando uma criança morre, porque nesse momento a reflexão sobre a vida humana e sua brevidade deveria desabar como um vulcão furioso e soterrar a nossa insignificância. 

Tudo dentro de nós deveria parar quando uma criança é assassinada, porque o sobressalto da alma diante do fim, deliberadamente condicionado por outro, de uma vida que ainda não se completou é de uma brutalidade absoluta. 

Todo o universo, fora e dentro de nós, deveria parar quando uma criança é morta de modo tão brutal como foi o menino boliviano sacrificado em uma casa pobre, em um bairro pobre, no coração da cidade mais rica e mais violenta do país. 

Aos cinco anos, aquela criança tinha uma ética que jamais alcançará os bandidos que ceifaram sua vida: “não me mate, não mate minha mãe nem meu pai”, apelou solidariamente enquanto era tomado pelo pavor de estar diante de marginais armados que brutalizavam uma família trabalhadora que ousou ver em São Paulo uma porta para a sobrevivência e encontrou na megalópole presunçosa a porta sem saída para o inferno. 

A jovem mãe, a costureira boliviana Verônica Capcha Mamani, 24 anos, ainda vestia a blusa ensanguentada quando, diante das câmeras e jornalistas, narrava o horror que se abatera sobre sua família entre soluços de dor, de raiva e de desamparo. 

A criança chegou a ser socorrida por vizinhos e levada ao Hospital Geral de São Mateus, mas chegou morta ao local, como morta está a Segurança Pública de São Paulo, brutalizada pela arrogância de um governo que se eterniza enquanto tortura as estatísticas e empilha mortos por latrocínio como se vivêssemos em guerra contra um país inimigo. 

Brayan Yanarico Capcha, o herói ético de agora, tinha 5 anos, era filho único de Verônica e do marido, Edberto Yanarico Quiuchaca, 28 anos. Morreu defendendo a si e as seus amados, como morre um herói, usando a única arma que tinha: sua voz, que cortou a noite e encontrou o silêncio que deveria fazer cada um de nós sangrar. 

 A quadrilha que perpetrou o ato mais desumano que se pode praticar fugiu com R$ 4,5 mil e a vida das vítimas, que jamais se recuperarão de tanta brutalidade. Eram seis covardes armados com revólveres e facas. 

O sobrado simples onde o casal mora e trabalha com costura na Vila Bela foi invadido durante a madrugada, porque os bandiso foram informados que ali haveria dinheiro vivo. No local, moram outras famílias. 

Cinco dos monstros usavam máscaras. O bando rendeu o tio da vítima que chegava com o carro na garagem, por volta da 0h30. Após se apropriarem de todo o dinheiro que a família possuía e revirarem a casa humilde de ponta cabeça, os assaltantes passaram a ameaçar o menino com uma faca no pescoço até que atiraram, segundo os pais, porque a criança chorava e a família não tinha mais dinheiro.

Segundo o registro do caso na polícia, o local onde ocorreu o crime "é uma área de invasão". Um lugar onde os pobres se aglomeram à sombra da riqueza da cidade e de um governo negligente e cínico. 

O secretário da Segurança Pública do Estado de SP, Fernando Grella Vieira, afirmou que cobrou prioridade máxima no esclarecimento do caso mas alertou para a dificuldade da tarefa: "Temos uma pista. A polícia está empenhada. É um crime difícil porque não havia câmeras”. 

Seria cômico não fosse trágico o chefe de segurança do estado, lamentar que naquele bairro, onde não existe asfalto, nem iluminação pública de qualidade nem esgoto sanitário, houvesse o luxo de “câmeras de segurança”. 

Cai o pano. 

No teatro de horror do PSDB uma criança foi assassinada com um tiro na cabeça enquanto pedia clemência. 

Que o apelo de Brayan Yanarico Capcha ao menos acorde Alckmin e seus sonâmbulos. 


* Chico Cavalcante é jornalista e publicitário

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