segunda-feira, 19 de março de 2007

2007 vem se requebrando

7 de janeiro, primeiro domingo de 2007, um ano que chega faceiro, se requebrando, cheio das lambanças, das esperanças. Hum hum, um ano bom. Tomo suco verde, converso com Pai do Céu, volteio pela net e resolvo ir bater o ponto na Praça da República.Domingo, dia de feirinha, de cantorias e de encontros. Mas praça sem Gigi não dá, aí eu chamo minha irmã-cúmplice-camarada, pego Magé pelo braço, amigão do samba e do cotidiano e lá vamos nós. De Pedreira Nazaré, busão sufocante todos os dias, menos aos domingos.
Domingo, o Pedreira Nazaré vai quase vazio e voa na Pedro Miranda. Quando alguém faz sinal ou puxa a cordinha, ele pára aos solavancos.Num desses, entra o primeiro amigo de Magé e convida pra reunião do samba e da gelada no acadêmicos da Pedreira. Como todo bom malandro ele abre o sorrisão e diz que vai. Depois outro entra e convida pro Bole-Bole e ele diz de novo que vai. Um terceiro convida pro Quem São Eles. O busão já entra na Alcindo Cacela, rumo à Praça. Magé tá parece político, distribuindo promessas. Descemos na Praça,ele todo solícito, conversador. Me descuido um instantinho e ele some parecidinho salário de bancário ou servidor público. Vai ao encontro das melodias, de muitos sambas. Só chegará em casa à noite, com as cantorias escorrendo pelos dedos e as lembranças se grudando nele.
A praça fervilha de gente que vende, que compra, que mais olha do que compra, que berra o Evangelho, que lota a banca do Alvino. Todos andando sem atropelos, porque domingo é dia de mãe, de carrinhos de bebê, de respirar a praça, os amigos. De parar em cada banca, pegar as coisas, dizer que é bonito o trabalho e não levar nada. Passeiam os pés, passeia o corpo, passeiam os olhos.
Nesse vaivém, lá pelas tantas topo com um povo das antigas, uma mulherada boa de briga. Caminhando lentamente, com um jeito bom de caminhar, o de quem espera o que é bom. Noutra quebrada encontro recém-secretários de Estado sorridentes, muito à vontade, com o selo da esperança-desafio na testa, na pele, no olhar. Conversas vão se cruzando, abraços de boa sorte vão sendo dados. É uma hora sem avaliação; no máximo, alguns diagnósticos, primeiras impressões e muitos desejos de que tudo corra bem. Só maré boa.
Chega a hora da bóia. De parar em algum canto,na Estação de preferência, comer uma coisinha, olhar o rio, bonito, cheião, falar, ouvir, serenar.
Eita domingo bom, sereno, cheio de mamolejo, preguiçooooso, gostoooso. Tá indo embora, mas com cara de retorno, embora não prometa nada. Talvez por ser o primeiro de um ano que o coração da gente, um danado de otimista,teimoso, exige que seja pra lá de melhor.

0 comentários:

 
;