A vinda de Amaury Jr. e Protógenes Queiroz é uma iniciativa da Frente contra a Privatização do Pará, coordenada pelos sindicatos dos bancários e urbanitários do Pará. A Frente enfrenta muitos e urgentes desafios, pois tudo indica que já na próxima terça-feira dia 7, entra na pauta de votação da Alepa- Assembleia Legislativa do Pará o projeto do governo do Pará de PPP's - Parcerias Público Privadas PL 210.2011) que é um cheque em branco ao governo para privatizar todos os setores públicos do Pará, indo desde estradas, educação, sistema econômico, saúde, sistema prisional e social.
São desafios que exigem unidade, mobilização, resistência e capacidade de articulação dos movimentos sociais para barrar mais esse projeto neoliberal que faz parte da idéia fixa tucana em diminuir, enxugar a presença do estado, reduzindo o papel do estado como indutor do desenvolvimento e da proteção social e causando, como consequência imediata sobressalto, dor, desemprego, além do ataque à soberania do país, à cidadania e aos direitos da classe trabalhadora.
Todos esses assuntos perspassaram o participativo debate ontem à noite no Sindicato dos Urbanitários do Pará, que contou com a presença de sindicalistas, movimento popular,movimento estudantil, associações de trabalhadores, parlamentares de esquerda, partidos políticos de esquerda, blogueiros, CUT e Fetagri.
O debate foi transmitido ao vivo pela internet, via sites dos dois sindicatos e é mais uma agenda de debate e lançamento do livro "A Privataria Tucana", um belo e denso trabalho jornalístico que é um verdadeiro dossiê da tragédia que foi a privatização tucana do período FHC.Serra.
Mesmo com o silêncio doentio das velhas mídias, o livro do Amaury é um sucesso de venda (mais de 120 mil exemplares vendidos) e tem sido uma tarefa militante dele e do Protógenes percorrer as capitais do páis, fazendo o lançamento e o debate com a sociedade civil organizada de cada capital. O próximo passo é intensificar a mobilização para que em março seja instalada a CPI da Privataria, requerida pelo deputado Protógenes Queiroz e que vai investigar profundamente as privatizações, responsabilizar os criminosos e colocá-los na cadeia.
São passos vigorosos de mobilização e luta e os blogueiros, as blogueiros e todo o movimento social organizado vai estar junto, tive essa convicção ao participar ontem do debate.E que mais do que nunca é preciso orar, vigiar e lutar!
Agradecimento especial aos jornalistas e mediadores do debate, Rosaly Brito e Paulo Roberto Ferreira. (Fotos Jimmy, Vera Paoloni, David Alves).
Leia também:
Lançamento do livro "Privataria Tucana" em Belém: Fatos e Fotos
Lançamento do livro " A Privataria Tucana" reúne a esquerda em Belém
PRA NÃO ESQUECER (texto na íntegra após as fotos)
Amaury e esta blogueira.
Protógenes e Adriano.A espera para o autógrafo.
Bancários e urbanitários com Amaury e Protógenes.
Cristiane, Bosco e Heidiany: jovens sindicalistas bancários na luta e no debate.
A marca da Frente contra Privatização do Pará.
Almoço de sindicalistas bancários e urbanitários com Protógenes.
O auditório lotado do sindicato dos Urbanitários do Pará.
A blogueira com Amaury e Protógenes.
Diretoria do Sindicato dos Bancários do pará com Protógenes.
Blogueiros do Pará com Amaury e Protógenes.
Deixo aqui um excelente resumo do que foi o projeto tucano de privatização de FHC/Serra, em texto escrito pelo amigo, companheiro e advogado Castagna Maia que nos deixou em 14/jan/2012 e estará sempre presente nos nossos corações e no belíssimo exemplo de sua vida breve, intensa e plena de amor e norte.
PARA NÃO ESQUECER
DE 1994 a 2000 o pessoal do BB, da CEF, da Petrobrás, das demais estatais, não teve reajuste salarial. Isso mesmo: foram 7 anos de REAJUSTE ZERO. Com a impltantação do Plano Real, na verdade com a criação da URV, houve a consolidação de uma perda. Naquele momento, de acordo com a data de recebimento dos salários foi calculada a perda mensal daquele salário, o quanto era corroído pela inflação do dia 1º até o dia do pagamento do salário. Ou seja, em 93 foi consolidada uma perda. A partir de então, nada mais poderia ser perdido. E a partir dali houve 7 anos de reajuste zero.
II
Foi em 2002, se não me engano, que houve intervenção na Previ. A pretexto de implantar o texto da nova lei complementar nº 108, o Ministro da Previdência Social afastou toda a Diretoria da Previ, à época composta, em sua maioria, por representantes eleitos pelo funcionalismo. Curiosamente, na noite anterior Daniel Dantas visitou o então Presidente da República Fernando Henrique no Palácio da Alvorada.
III
Na privatização das telefônicas, houve um fato curioso: um acordo, onde os fundos de pensão entravam com o dinheiro, mas que mandava era o Opportunity. Isso mesmo. O banco e o fundo de investimento de Daniel Dantas “representavam” os fundos de pensão. E os fundos, já no governo Lula, tiverm que ir à justiça para não mais ser “representados”. No governo FHC os fundos simplesmente repassaram o seu poder de mando para o Opportunity. E o pior é que foi necessário ir à justiça, até o STJ, para poder desmanchar o lesivo acordo.
IV
O BNB devia um dinheiro impressionante à CAPEF, o fundo de pensão de seu pessoal. Não havia mais como disfarçar. a SPC baixou intervenção. O primeiro ato do interventor foi cobrar. Quando viu que era impossível, voltou-se contra os participantes: cortou benefícios e aumentou a participação dos empregados no custeio do plano. A situação chegou a tal absurdo que 55% das aposentadorias passaram a ficar retidas no fundo. Era o poderio de Tasso Jereissati, no Ceará, que se estendia ao interventor nomeado pelo Ministério da Previdência. A situação levou à miséria centenas de pessoas, em atos violentíssimos praticados pelo Interventor, e que nunca serão perdoados pelos aposentados e pensionistas do BASA.
V
Ainda em 2002, a direção da Petros firmou acordo com uma grande operadora de recursos externa. Pretendia simplesmente engessar por dez anos a gestão dos recursos da Petros. Mudasse ou não governo, mudasse ou não a direção da Petros, pretenderam se perpetuar lavrando contrato que retirava da direção da Petros a gestão dos recursos. Um absurdo, o comprometimento de todo o patrimônio ultrapassando vários mandatos da direção do fundo.
VI
No BB, na CEF, na Petrobrás, no BNB foram implantados PDVs e PDIs, ou seja, Planos de Demissão Voluntária e Planos de Demissão Incentivada. Primeiro, era enviada carta dizendo “você é excedente na empresa”. A partir dali, vinha a “oferta”: ou aderia ao plano de demissão, ou seria demitido. No BB houve 22 suicídios em apenas um ano: aqueles que simplesmente cumpriram carreira, que fizeram exatamente o que a política de recursos humanos dizia para fazer, também foram enquadrados como “excedentes”.
VII
No funcionalismo público, o aviltamento foi a regra. Foi a moda dos “yuppies” de serviço público, ou seja, de privilegiar aqueles que tinham mestrado e doutorado, preferencialmente, em universidades norte-americanas, e que traziam para cá todos os vícios e os jargões daquele país. Era o período da afetação máxima, onde até mesmo reuniões de cúpulas de empresas estatais brasileiras eram feitas em inglês.
VIII
“I’m too old to this shit”, disse Elena Landau, quando do deferimento de uma das medidas judiciais contra a privatização, em pleno período FHC.
IX
Uma das propostas de reforma da previdência previa REDUZIR o teto do INSS para 3 salários mínimos. Quem quisesse receber mais, que se socorresse da previdência aberta vendida em bandcos. O projeto, portanto, era o de enfraquecer a previdência oficial.
X
Pois bem: isso tudo está aí, na memória de todos. O governo FHC foi inequivocamente contra os trabalhadores, contra os aposentados. Sua política para o salário mínimo era ridícula, assim como sua política para os “vagabundos” aposentados, como chegou a se expressar.
XI
É por conta disso, dessas lembranças que todos têm, do entreguismo praticado, das demissões, das perseguições, da extinção de órgãos, que todos sabem o que é um governo tucano. Agora, durante a campanha, agregou-se mais: a campanha bilionária de esgoto, com o aluguel de “telemarketing” para vomitar impropérios e mentiras na casa de cada um de nós. Não tem limite ético, portanto, não tem capacidade de ataque frontal, apenas o ataque sorrateiro de esgoto. A campanha eleitoral foi tomada por isso: por telefonemas às casas, dizendo coisas que não se atrevem a dizer na televisão.
XII
É por isso que a diferença em favor de Dilma já ultrapassa os 15 pontos. O governo Lula pode não ter sido grande coisa. Mas o governo FHC foi uma tragédia do começo ao fim, e pior: uma tragédia da qual se orgulham.
14 respostas até o momento