segunda-feira, 29 de abril de 2013

A voz rouca e amiga de Paulo Daniel agora ecoa no céu: “aos amigos ausentes, aos amores perdidos e aos velhos deuses".Vai na luz, irmão andarilho!

“Aos amigos ausentes, aos amores perdidos e aos velhos deuses(frase preferida do Jack/Paul Daniel, na hora de brindar à vida, à amizade, aos reencontros):
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Como diz o Cássio de Andrade, saber pelo feice da partida definitiva de uma pessoa amada deixa a gente assim meio tonta, meio pateta e depois a tristeza toma conta. Foi o que aconteceu comigo ontem quando soube que o Paulo Daniel tinha morrido e que o corpo já tava sendo velado.

Tanta, tanta coisa feita e dita junta veio de  repente,bloblobloblobróbró, caindo e embolando tudo, como uma pororoca de emoções. 

Ele e a política, da qual meio que se desencantou. Ele e a doçura com a humanidade e com cada pessoa. Ele e o sarcasmo, o riso irônico e gostoso. Ele e a gentileza. Ele e meus meninos, do qual foi tutor, amigo e acolhedor, inclusivo, ensinador sem parecer. Ele, o andarilho, o historiador. Adriano (meu filhote) resumiu a grandeza de alma do Paulo Daniel: acolhia as pessoas sem fazer julgamento, sem preconceito.

Pra mim é mais uma perda doída demais. Já não bastava papai, Walter Rodrigues, meu manos Betinho e  Zé Wilson e meu eterno mano Castagna Maia!

Chegamos a tempo do velório, eu, o também querido amigo Branco Medeiros e meus sobrinhos Ana Paula e Marco Aurélio. Além da família, ali o povo do RPG, dos jogos e das caminhadas. Das lides da política, só eu e Cláudio Puty.  Paulo já tava dodói há tempos e nessa última internação, não resistiu. Subiu aos 42 anos, mantendo silêncio sobre muita coisa, inclusive sobre o quadro real de saúde.

Meu abraço à família e aos amigos. Aos presentes e ausentes. Outro dia, falo sobre Paulo e a política. Hoje, prefiro republicar os belos textos produzidos por Ghys Cunha e Cássio de Andrade após a partida do Jack, do bardo, do Obelix, do Paul Daniel, do Paulo Daniel, do amigo de ombro e riso largo, de ensinamentos naturais como quem caminha ou faz amor.

E não deixem de ler o artigo do Ragabash, um belo tributo a um grande e querido amigo.

Jack, Paul Daniel: um rosto amado e um ser amado. Para sempre.

Jack Daniel  no meio do rio Xingu em abril 2011. Do perfil no fb de Áurea Stella Carvalho
Em meados da década de 90. Arquivo do Ragabash.
Ainda em meados da década de 90. Arquivo Ragabash

Em dezembro 2012

DMC, o Death Match  Club, a primeira lan house de Belém totalmente sem fins lucrativos, organizada por amor aos jogos de computador e às redes sociais presenciais. Paul Daniel, junto!

Do Cássio de Andrade, em seu perfil no feice

Intelectual em silêncio.
Essa é a representação que me vem à mente quando rememoro Paulo Daniel. No face é conhecido como Paulo Almada, mas para quem teve o privilégio de ombrear com esse camarada em vida, será sempre o nosso Paulo Daniel, o bardo. Em estado anestésico estou ainda, quando soube pelas redes, há pouco, de tua partida, tão precoce, como precoce sempre foi tua vida. Pós-Moderno, underground, cybernético, um homem do seu tempo, com inteligência e criatividade um pouco além do contexto. Como falam os jovens atuais, um mito. Paulo dos teclados, dos RPGs, dos artefatos, da tecnologia ao lado da arte, do anti-Matrix, mas, acima de tudo, humilde e simples, rico porém de fraternidade e astuto observador do seu tempo. Quis a vida que o mundo me privasse de dois criativos Paulos esse ano, ambos amalgamados pelo ouro puro do design e da computação gráfica. Um gênio em permanente silêncio, mesmo em seu drama pessoal que nunca quis compartilhar com os amigos e próximos, daí a surpresa pela tragédia. Quando fazíamos o curso de História, perdi para o Paulo Daniel, uma vaga de bolsista. Nada que manchasse nossa relação futura. Companheiros de Centro Acadêmico, o CAHIS, de cervejas, de copos e bares. A voz rouca de Paulo ainda ecoa nos meus ouvidos. Nunca cedeu à arrogância típica de sua geração. Notícias se espalham e mistérios a desvendar estão. O corpo não vive e a arte perdeu a cria. Alma órfã da criação. Valeu a jornada, amigo. Valeu o amor à humanidade. O coração do amor, amando o mundo despedaçado e torturado pela normose, mas um amor profano de um coração cansado. Vá com sua mente brilhante e silente.
***
Da Ghys Cunha em seu perfil no feice:
Não sei quando acabará esse domingo, que começou com a notícia da partida de um querido amigo, dos tempos antigos, dentre todos, o mais terno, silencioso, lúcido e 
generoso... como a tantos, não mais via, tampouco convivia, como nas lidas do movimento estudantil na federal, mas amava-o, como a todos, e talvez com um toque a mais de doçura, quando lembrava de seu riso paciente e maduro diante daquelas nossas inconstâncias e aprendizados juvenis...

Em alguns momentos de minha vida, ele esteve especialmente presente, ombro amigo, afeto solidário, ajudando a curar dores passadas... lembro de quando viajamos juntos para Novo Repartimento, ano 1993, acho, para um trabalho de formação política com os camponeses dali... lembro de como descobri, guiada pela sua mestria, alguns caminhos iniciais das viagens virtuais pelo ano de 1997... sempre a sua sensibilidade, seu bom humor, sua companhia tão especial... cara, quantas cervejas, madrugadas, conversas profundas, risos e lágrimas, e ele se foi sem que eu soubesse que já estava de malas prontas...

Não pude, não consegui ir vê-lo uma vez mais, já inerte, olhos inevitavelmente cerrados, não deu... tentei ir, mas não consegui. Não dava, assim como não dá pra dormir agora, não ainda, não tá dando... orei por ele, oro, peço, entrego à Luz do Orixás, dos Guias, minha forma de despedir-me e vibrar para que esteja bem amparado, sendo tratado em um hospital espiritual neste momento... peço, minha Mãe Nanã, meu Pai Obaluaê, que embale no seu colo esse irmão, que cuide dele como se fosse de mim, que acolha sua família, envolta em dor... peço, oro e choro, porque sempre fica esse poço sem fundo, essa dor presa no peito que tem que sair, coisa de quem ainda não consegue acreditar... vai demorar um pouco...

E então penso em todas e todos que passaram por minha vida, que amei e que amo como amigas e amigos, amantes, irmãs e irmãos, e peço, meu Deus, que cuide de cada um, apenas para que eu possa abraçá-los, uma vez mais, e dizer que os amo... desejo mais egoísta, sei... mas sincero, se isso me redime... Olha, Paul Daniel, Paulo Almada, cara, amigo querido, irmão de tantas horas, de tantos anos, saudades, te amo.


***

Do Daniel Farias, BadDan, em seu feice:

"Aos amigos ausentes, aos amores perdidos e aos velhos Deuses"

Às lágrimas sacanas e teimosas que finalmente me veem aos olhos
Ao meu primeiro e eterno mestre de RPG - eu tinha uns 16 anos, já mestrava desde os 12, mas nunca haviam mestrado pra mim...
Às inúmeras aventuras no sindicato dos bancários
Ao cara que direta e indiretamente, me apresentou tanta gente maravilhosa, amigos para mais que uma vida
Ao sujeito que eu só vi puto uma vez - e era um motivo muito justo, acreditem...
Ao velho garoto velho que me mostrou o Belém By night, tantos jogos, e tantas noitadas de bebedeiras inesquecíveis...
Lamento tanto por tudo ter ficado tão distante nos últimos anos
Mas a realidade escassa e crua é assim, o tempo é escasso e curto, e para o que há de bom, nunca é o suficiente...
Ao meu eterno amigo e também mentor, de tantos caerns, mesas de jogos e tanta vida, registro aqui nesta tela um pedacinho do meu amor...
E minhas preces para que tu, onde quer que estejas - É, seu teimoso, sei que acordaste em algum lugar, e em algum momento vais pensar em mim e em nossas discussões sobre o além - desejo que encontres paz, amor e reflexão.
Até a próxima, Edge Walker, Jack Daniel, Paul Daniel...

Obrigado, Paulo...



No meu feice, quando postei ontem (28.4.13) a dolorosa notícia, compartilhada do Felipe Laredo:

Égua da notícia horrorosa! Subiu o amigo Paul Daniel, o Jack Almada Olhaí Adriano Rodrigues Branco Medeiros Cláudio Puty João Anjos SDaniel Farias Valeria NascimentoGhys Cunha

1 comentários:

Lidianismo disse...

Que descanse em paz.

 
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