terça-feira, 29 de novembro de 2011

Mãos femininas costuram um ótimo acordo coletivo aos bancários do Banpará

 A construção do acordo coletivo 2011/2012, semelhante ao que foi construído no ano passado no Banpará, só me confirma uma tese intuitiva: a saída para o país e até mesmo para a humanidade virá por mãos, generosidade, vontade, quereres e fazeres femininos.
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Bancárias e bancários do Banco do Estado do Pará, o Banpará, fecharam e assinaram um ótimo Acordo Coletivo. Que seguiu todo o roteiro do movimento sindical combativo, toda a cartilha cutista: reuniões, plenárias, seminários, encontros,assembleias, greve rápida e firme de 3 dias e um ótimo resultado, com reajuste de 10% e 12% no piso, aumento do tíquete refeição em 20%, o que eleva o tíquete para 903,00, ao mês; retomada da licença-prêmio que não existia desde 1994; reajuste na verba quebra de caixa e uma mesa permanente para debater todos os problemas vividos no local de trabalho não seó na época da data-base, mas em todo o ano.

Contado assim, parece que foi  uma tarefa fácil alinhavar, costurar e até cerzir o Acordo Coeltivo 2011/2012, a norma trabalhista aditiva do funcionalismo do Banpará. Aditiva sim, porque a categoria bancária tem uma Convenção Coletiva Nacional há 18 anos, o que significa que os ganhos são iguais para bancários em qualquer município do país, independentemente da região. É a única categoria que tem uma convenção com esse peso.

Além da Convenção Coletiva, existem os Acordos Coletivos, por bancos, que tratam das especificidades de cada banco. É formada uma mesa de negociação que, na base da pressão e busca de entendiment, vai cosnturando intenções e gestos até isso virar um documento foram que é o Acordo Coletivo.

Contado assim, parece fácil, mas não foi não.

Houve dificuldades de entendimento, emperramento, descumprimentos eventuais que serão buscados em outros fóruns, enfim, a mesa de negociação foi o espaço efetivo do exercício do diálogo e da democracia. Com a tensão permanente que a democracia gera, ao mostrar e trabalhar os conflitosexistentes entre capital e trabalho.

Mas na mesa de negociação do Banpará este ano teve um ingrediente bem interessante, semelhante ao do ano passado, mas bem mais aprofundado: a forte e dominante presença feminina na mesa de negociação. Pelo banco, a diretora administrativa e duas assesoras. Um assessor. Pelo Sindicato, a presidenta e duas diretoras. Pela Federação dos Bancários, duas diretoras. Pela Associação dos Funcionários, a presidenta e uma diretora. Na assessoria do Sindicato, duas advogadas, duas assesoras. Na assessoria da Afbepa, uma advogada e uma assessora. Presenças masculinas, apenas a do assessor da diretoria administrativa, do vice-presidente da Confederação dos Bancários e eventualmente, o presidente do banco e um ou outro diretor do Sindicato e da Associação.

Mas o poder de alinhavar, costurar e até cerzir o acordo coletivo, esteve o tempo todo em mãos e argumentos femininos, com poder para ir formatando, arrumando e botando os pingos nos is do acordo. Pressionando com firmeza e ternura nos momentos de impasse. E com toda a emoção e sensibilidade femininas em todo o correr do rio.

Foi um processo rico em toda a sua dimensão trabalhista, de conflitos gerando direitos e democracia mas, principalmente, um processo em que a força feminina se impôs com delicadeza e firmeza, produzindo, mantendo ou resgatando direitos com olhar sensível, humano, feminino. E num laboratório de emoções, com tudo o que s etem direito nesse terreno: choro, emoção, TPM e muito mais do complexo e maravilhoso universo feminino.

Pra mim, foi riquíssimo estar em mais uma mesa de negociação, quase 100% conduzida por mulheres que estão à frente de sua entidades e que vêm construindo história a partir do olhar de gênero feminino. Obrigada àdireção da FETEC-Centro Norte por me confiar essa honrosa tarefa. Tem uma companheira bancária da Contraf-CUT, a Deise Recoaro, que gostaria de ter estado nesta mesa.

É uma experiência e tanto para as mulheres, em especial para as mulheres  da CUT e do PT, que já deliberaram o debate da paridade em suas direções.

A construção do acordo coletivo 2011/2012, semelhante ao que foi construído no ano passado no Banpará, só me confirma uma tese intuitiva: a saída para o país e até mesmo para a humanidade virá por mãos, generosidade, vontade, quereres e fazeres femininos.


Vamos lá, mulherada!

A mesa da assinatura do acordo coletivo, em 28 de novembro de 2011.  Da esquerda para a direita: no centro (de costas), o presidente em exercício, Braselino Silva; Alice Coelho (Sudep); Thaís Profeti (Ass.PRESI); Kátia Furtado (presi Afbepa); Cristina (Dir. Afbepa); Érica Fabíola (Dir. Sindicato), Vera Paoloni (Dir. Fetec-CN), Odinéa (Dir. Sindicato). Neemias Rodrigues (vice-pte Contraf-CUT), Rosalina (presi Sindicato), Márcia Miranda (DIRAD Banpará). A diretora do Sindicato, Heidany Katrine não estava presente na assinatura do acordo por ser participante do I Fórum Nacional sobre Invisibilidade Negra no Sistema Financeiro, em Salvador.
Em uma  das cinco rodadas de negociação no Banpará, muitas vozes na construção firme,cuidadosa e delicada de cada ponto, de cada linha, de cada direito.  Da esquerda para a direita: Márcia (de costas), Edivaldo Caribé, Alice Coelho, Rosalina Amorim, Neemias, Lucijane e Ghyslaine(mais atrás), Odinéa, Vera Paoloni, Érica Fabíola, Heiany, Cristina e Kátia.
Olhar, pesar, sopesar, refletir e debater:  no conflito, na pressão, na mobilização e no diálogo foram sendo paridos direitos e democracia.
Reunião sobre PCS - Plano de Cargos e Salários. Tudo em debate para construir o melhor caminho. Da esquerda para a direita: Kátia, Érica, Vera Paoloni, Alice e Luiza (ass.DIRAD).

Na sede do Sindicato dos Bancários do Pará, a construção coletiva e feminina da minuta, a pauta de reivindicações: Sindicato, Federação (Fetec-CN) e Associação (Afbepa), com assessorias. Da esquerda para a direita: Kátia e Cristina (Afbepa), Vera Paoloni (Fetec-CN), Lucijane (adv Sindicato), Rosalina (Sindicato) Odinéa (sindicato) e Tatiana (ass.Sindicato).
A greve no Banpará, por 3 dias: de 27 a 29 de setembro 2011. Na foto, Alan, Cristiane, Heidiany, Vera, Éruica e Ghyslaine. Nacionalmente, a categoria grevou 15 dias.
Cristiane Aleixo, Alan Rodigues e Heidiany Katrine Moreno: a jovem geração de sindicalistas do Pará.
Heidiany Katrine Moreno, funcionária do Banpará e diretora de Banco Estaduais.
A 6 de julho, Cristiane Aleixo e Alan Rodrigues no Dia Nacional de Luta da CUT, em Belém
No debate constante e às vezes exaustivo, os direitos foram resgatados, mantidos e ampliados...
.... e os direitos ainda não garantidos no Acordo, serão buscados noutros fóruns e na mobilização.
Em 29 de setembro 2011, após 3 dias de intensa greve, categoria aprova o Acordo Coletivo em assembleia geral na sede do Sindicato dos Bancários do Pará.
A presença feminina majoritária também na porta do banco, durante a greve.
Antes da mesa final para assinatura do Acordo Coletivo, mais um debate sobre pontos da redação e do entendimento.
Cena comum na porta do Matriz do Banpará, durante os 3 dias de greve.

Aqui, todo o Acordo Coletivo do Banpará, 2011/2012.

3 comentários:

Anônimo disse...

Razão e sensibilidade.Parabéns Vera Paoloni e meninas da Afbepa, sindicato e banco pelo acordo, firmado com garra e disposição para o diálogo.

Abraços,

Edir Gaya

Anônimo disse...

Não queremos dominar o mundo, mas a conquista no Acordo Coletivo do Banpará por mulheres de luta nos deu muito orgulho!

Parabéns, Rosalina Amorim Tatiana Oliveira Fabíola Monteiro Vera Paoloni Ghyslaine Cunha!

A luta continua.

Lorena Abrahão

Anônimo disse...

Gostei Vera!

Tenho orgulho da minha parcela de responsabilidade na conquista.

Tem uma música no movimento que é assim: "Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com mulher não atiça o formigueiro...quem não pode com mulher, não atiça o formigueiro".

Lorena Abrahão

 
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