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Belíssimo trabalho do Waldir Lisboa da Conceição e que decora o gabinete da vereadora petista de Belém, Milene Lauande. Compartilhado no feice pelo educador e blogueiro Luís Cavalcante. Uma linda homenagem às mulheres que vêm lutando na vida e na política.
Tem dias que a gente se
sente como quem partiu ou morreu, diz a canção. Tem dias que só a esperança, a
fé na vida e na luta coletiva nos sustenta.
Enfrento um dia desses,
após saber que ontem foi descomissionada uma companheira no Banpará, o
banco do povo paraense pelo qual lutei tanto e sempre para que permanecesse cada vez mais público e respeitando os
direitos dos trabalhadores e do povo paraense.
A perda da comissão é um
baque múltiplo. No orçamento significa uma perda de 60% ou mais da remuneração.
Faz as contas e imagina o aperreio de ter um corte de 60% num orçamento de uma família que já equilibra magicamente o
orçamento de 100% e isso assim, sem qualquer preparação, da noite pro dia!
A outra e solitária
pancada é na autoestima.Sem razão ou explicação, sai um comunicado destituindo
o trabalhador e as conversas rolam de mesa em mesa. Fica como um ato de gestão.
No caso, de péssima gestão, pois a
companheira – assim como tantos outros bancários descomissionados no Banpará –
se qualificou para a função que ocupava, estudou, acumulou saberes, agora todos
jogados ao vento.
Como a companheira em
questão foi dirigente sindical, militante e com opinião formada, fica muito
explícita a retaliação ao seu modo de pensar e de agir, de opinar. É a força do
Estado esmagando os direitos de uma trabalhadora e não posso concordar ou
conivir com esse autoritarismo.
Tenho náusea e horror a arbitrariedades, repulsa a seres e medidas autoritárias que roubam os sonhos e
tentam esmagar a vida, a liberdade, a democracia.
Lamento e repudio
profundamente que essa diretoria do Banpará aja como um trator sem freios por
cima da humanidade e dos direitos dos trabalhadores.
Não percebe a atual
diretoria do Banpará que governos vêm e vão e isso passa tão rápido.
Que eles
têm uma chance de resgatar direitos, de restituir a cidadania ou de entrarem
para a história pela porta dos fundos, como massacradores de gente. E que tudo
na vida tem retorno. Meu paizinho – que hoje comemora no céu seu aniversário
sempre dizia: “Não tem mal que dure pra sempre”.
Vocês passarão,
diretores e diretoras que estão hoje à frente do Banpará, a bom cometer atrocidades.
Com muita convicção,
resistirei sempre a desmandos. Um deles já me atingiu em cheio em 2007. Não
quero e não aceitarei calada e sem lutar contra injustiças como a praticada
contra minha companheira que só quis na vida seguir uma carreira no banco e ser
feliz.
Deixo pra vocês um poema
que me consola um pouco e um texto que escrevi neste blog em março de 2007,
quando o mesmo ranço do autoritarismo me atingiu em cheio e só não despedaçou
porque encontrei mãos amigas que me permitiram recompor o orçamento e a
dignidade.
Força, minha
companheira! Estamos juntas em mais essa luta!
***
(Mário Quintana) Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano Vive uma louca chamada Esperança E ela pensa que quando todas as sirenas Todas as buzinas Todos os reco-recos tocarem Atira-se E — ó delicioso vôo! Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada, Outra vez criança... E em torno dela indagará o povo: — Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes? E ela lhes dirá (É preciso dizer-lhes tudo de novo!) Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam: — O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA... *** |
NÃO TOQUE EM MEU COMPANHEIRO
Não sei se é pelos primórdios do petismo, mas como eu gosto da palavra companheiro.
Aquele que compartilha o pão, o que passa o sufoco junto, o que ajuda a construir pontes, o que chora quando a gente está triste e gargalha quando obtemos uma vitória que pode até ser gita, mas que a gargalhada logo eleva à condição de gigante.O que compartilha as dores e os amores.
Tenho companheiros em muitas arquibancadas. Não são muitos, mas parece uma legião, tamanha é a força e unidade deles quando resolvem compartilhar o pão.
O pão da vez é a ditadura que se instalou na empresa em que trabalho e que acabou me atingindo em cheio dia 23 de março de 2007.Assim, sem que nem por quê. Até porque ditadura, como é golpe, não se dá ao trabalho de dar explicação. Apenas executa, com o tom sombrio da arbitrariedade.
Lembro que a Caixa Econômica, em tempos passados, fez uma onda braba contra bancários que acabaram sendo demitidos.
A Fenae - Federação das Associações de Pessoal da Caixa, se colocou ao lado dos funcionários demitidos e na peça de resistência lançou uma linda mensagem assim: Não toque em meu companheiro. O companheiro era simbolizado por uma flor despedaçada no caule e que mão cuidadosa protegia para amparar e manter em pé a flor já brutalmente agredida.
A campanha foi vitoriosa, os bancários foram reintegrados e aquela flor acolhida com a ternura do coração ficou gravada na memória da minha pele. Para sempre.
Então, quando leio, vejo ou pressinto injustiças, me vem à mente aquela flor cortada, mas acolhida pela generosidade. A mesma que me sustenta neste difícil momento em que, mais uma vez, ajudada por companheiros, estou pulando uma grande fogueira.
4 comentários:
É por ainda existirem seres como tu,ainda que bastante reduzido hoje, é que ainda não me aposentei das LUTAS.SÊ FELIZ SMPRE GURREIRA VERA PAOLONI.
Egua muito bacana, muito atual. Pra mim a mensagem que fica é que como esse nosso mundo gira! Graças...
é, Vera,
infelizmente isso é uma luta incessante.
Sem dúvida é uma das maiores causas de adoecimento, pois não é só o fato consumado, fico a imaginar como será o dia a dia, a convivência com esse tipo de gente, que prima por "instituir" um ambiente extremamente hostil; de cobranças abusivas; tornando um inferno um ambiente que poderia ser prazeroso.
Que Jesus esteja com a companheira Jô e que pessoas como você estejam a confortá-la.
Que ela seja otimista e encare como algo passageiro. A frase do seu pai sintetiza tudo.
"Tudo passará... e outros ventos virão"
Um abraço,
Josenildo
O quadro de arbitrariedade da diretoria do Banpará não pode ficar sem uma posição firme contrária das entidades representativas dos trabalhadores. Vamos juntar forças nessa luta.
Pelo que percebo já é o prenúncio da grande luta que vamos travar na campanha salarial deste ano no Banpará.
Minha solidariedade à companheira Jô e aos demais atingidos na sua dignidade. O efeito é de tirar a pessoa do eixo.
Serginho
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