segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Na Marujada de Bragança quem manda é a mulher, a capitoa

A Marujada tem 213 anos e é uma das mais antigas tradições paraenses, que junta mais de 80 mil pessoas em Bragança, cidade das mais antigas do Pará.

É meu primeiro Natal e a primeira festa da Marujada sem papai. De doer. Porque ele amava e vivia intensamente a  festa da marujada, desde a alvorada, a procissão, as rezas, os ensaios. Quando soava o repique do retumbão, ele marcava os sons com os pés, ensaiava passos de xote, chorado, mazuca, tudo junto com as marujas.

Fazia questão de contar pra gente que na marujada quem manda é a mulher, a capitoa e a sub-capitoa. Tem o capitão, mas a predominância da mulher de todas as idades é visível na festividade de São Benedito. E amava acompanhar a Procissão do Santo Preto em todos os dias e todos os momentos. Gostava de se misturar no meio de tanta gente, tantos belos sons e tanta história, música.

No período da festa, papai inventava pelo menos umas 30 necessidades de algum tempero, qualquer comprinha pra sair de casa e espiar as marujas, a Cavalhada, o som gostoso e quente do retumbão. Quando voltava pra casa, pegava um leve carão da mamãe porque passara muito tempo na rua. Ria, se balançava e continuava marcando o compasso do xote, o som da marujada invadindo a sala de jantar.

De onde se encontra, seu Heraldo deve ter se balançado muito hoje, auge da festa de São Benedito, padroeiro de Bragança.

E eu, quieta, tento acomodar meu coração agoniado de tanta saudade.


(Fotos da Marujada são do twitter do zecarlosdopv e do feice da bragantina Celeste Amujacy. A foto do meu banhando os pés na praia de Ajuruteua, fui eu mesma que fiz no dia 25 de dezembro de 2011).


Leia mais sobre a Marujada aqui.


 







4 comentários:

Anônimo disse...

Vera,

Belíssima descrição, causou-me forte emoção. Com certeza seu pai, o seo Heraldo, é um daqueles que podemos chamar de construtores de nossa cultura.

Tenha um bom final de ano;

Grato.

Felipe Andrade

Anônimo disse...

Vera,

Adorei a matéria sobre a Marujada!

Um dia irei lá em Bragança no dia 26 de dezembro e viverei um pouco da terra da minha avó Josefa Alice, que já se foi, mas se faz presente em todos os momentos da minha vida.
Abraços

Lorena Abrahão

Anônimo disse...

Duca!!!!
Dá até vontade de virar bragantino e dançar a marujada o ano inteiro....

beijos na testa, Paola Veroni, digo, Vera Paoloni.

Mariano Haus

Anônimo disse...

Vera,

Lindo!
Seu pai deixou em você só o melhor! Ei, amiga, isso é uma benção!
E olha, não esqueci nosso pequeno grande brasileiro, o Moisés, dessa semana não passa, vou dar um jeito de parar numa ag. da caixa.

Um grande beijo e um grande dia ao som de retumbão e tudo o mais que Bragança nos dá de bom grado!

Valéria

 
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